Pra começo de conversa, é importante destacar que os solos tropicais são muito dependentes da matéria orgânica. Isso se explica por inúmeros fatores. Um deles é que a matéria orgânica aumenta a quantidade de cargas elétricas negativas que o solo possui, item fundamental para a fertilidade do solo. Assim, matéria orgânica é muito bem vinda porque ela favorece os atributos físicos, químicos e biológicos do solo.
O problema é que há muito desperdício no reaproveitamento da matéria orgânica. Se coletada, tratada e recolocada adequadamente, a matéria orgânica favorece a saúde do solo, fornecendo energia de multiplicação e de movimento para os microrganismos. No Brasil, existe, é verdade, a Política Nacional dos Resíduos Sólidos que nos obrigava até 2022 reciclar 50% da matéria orgânica. Por vários motivos, essa lei não “pegou”. Hoje não reciclamos nem 5%. Isso é um problema porque essa matéria orgânica não tratada, além de desperdiçar seu potencial agrícola, gera mais custo para evitar que os resíduos contaminem o meio ambiente. Com a reciclagem correta, pegamos um resíduo orgânico com potencial tóxico, que iria, portanto, contaminar o meio ambiente, e o transformamos em adubo de alta qualidade biológica. Esse adubo, introduzido numa horta, por exemplo, produz muitos alimentos com elevada qualidade de nutrientes graças à matéria orgânica, que também serve de fonte de energia para os micro-organismos do solo.